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quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Pesquisa desenvolvida na UFSCar aponta que interação com cachorros diminui o estresse nos humanos

Laura Garcia - Foto: Isabela Cardoso
Estudo foi desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade

Uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPsi) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) aponta que a presença dos cachorros relaxa e traz bem-estar e prazer para os humanos em situações consideradas negativas. O estudo, que consiste na análise das interações entre homem e animais, pretende compreender os possíveis efeitos benéficos dessa interação na saúde do ser humano.
Para desenvolver o projeto “Efeitos da presença do cachorro na tolerância e avaliação de situação aversiva”, a mestranda Laura Garcia, responsável pelo estudo, com orientação da professora Camila Domeniconi, docente do Departamento de Psicologia (DPsi) da UFSCar, reuniu um grupo de 30 voluntários com idade entre 22 e 34 anos, sendo 15 homens e 15 mulheres, para verificar se a presença ou o contato com um cachorro altera a forma de como os participantes se sentem em uma situação desagradável.
Para isso, os voluntários da pesquisa foram divididos em três grupos, por meio de um sorteio, e colocados para ouvir um som aversivo composto por 23 notas monofônicas, que foi submetido a seis juízes para validarem sua aversividade. Cada pessoa recebia o fone de ouvido e a instrução de que deveria permanecer em uma sala escutando esse som pelo tempo que fosse confortável. Um grupo ouviu o som em uma sala vazia, outro grupo de pessoas ouviu o som tendo um livro de figuras para folhear, e um terceiro grupo pode interagir com um cachorro enquanto escutava o barulho. E então, os resultados de cada grupo foram comparados.
Segundo a pesquisa, o grupo de pessoas que interagiu com o cachorro tolerou mais tempo o som aversivo, ficando entre 22 e 32 minutos dentro da sala. As pessoas que estavam sozinhas na sala toleraram o barulho por cerca de 17 minutos. Já o grupo que tinha um livro para folhear aguentou aproximadamente 16 minutos dentro do local. Além do tempo de permanência ter sido maior, o grupo que contava com um cachorro para interagir avaliou a sessão mais positivamente, classificando-a como mais serena, legal e agradável, e também afirmaram que se sentiram mais relaxados, confortáveis, animados, divertidos e felizes do que os participantes das outras duas condições. Para Laura, esses dados indicam uma possibilidade já mencionada na literatura de que a interação com animais, especialmente cães, diminui os sintomas de estresse.
Laura Garcia acredita que o diferencial da pesquisa é tentar compreender o que acontece na relação do ser humano e dos cachorros de forma simples, com metodologia replicável e medidas operacionalmente descritas, que é uma lacuna presente nessa área de estudo no Brasil. “Para que os profissionais da saúde possam propor intervenções realmente eficazes utilizando animais, precisamos saber com dados fidedignos o que ocorre, e nosso trabalho tenta contribuir nesse âmbito”, explica a pesquisadora.
O projeto ainda não foi concluído. Laura continua coletando dados e agora analisará a reação de novos participantes com a ajuda de um equipamento de leitura de condutância da pele. Em outubro, a pesquisadora participa no Rio de Janeiro de um Simpósio Internacional sobre atividades e terapias assistidas por animais para trocar conhecimentos e experiências e conhecimentos com outros pesquisadores da área.